Ângelo Inácio era, quando vivo, repórter. E não é por que morreu que vai entregar os pontos. Por isso, decidiu que, vez por outra, publicaria uns livros, por meio da psicografia. Do além, ele continua sua atividade jornalística. Que interessante, não é?
O médium que recebe as reportagens em forma de romance chama-se Robson Pinheiro. Mineiro, Terapeuta Holístico, Robson teve, no início da sua
Vejam vocês: uma das reportagens do espírito Ângelo Inácio transformou-se no livro “Tambores de Angola”. O romance retrata uma casa umbandista e as suas entidades. Além de passagens de extremo lirismo ( “O sol se assemelhava a um deus guerreiro, lançando as suas chamas que aqueciam as moradas dos mortais, como dardos flamejantes que ameaçavam as vidas dos homens”), o autor nos dá valiosíssimos ensinamentos morais( “Por todo lugar onde há o sentimento religioso, manifestam-se pessoas inescrupulosas, que abusam da fé alheia.”). Que interessante, não é? Vão anotando.
A obra, é claro, fez bastante sucesso. Afinal de contas, é preciso desesperadamente justificar que a Umbanda não é coisa de pobre, e sim algo científico. É claro que nesse processo, tudo o que é de preto e de índio vai ficando pra escanteio. Em uma passagem do romance, a questão fica clara:
“ Quando o tal filho-de-santo desencarna, encontra-se prisioneiro dessas entidades que se manifestam como santos ou orixás; passa a ser presa deles nas regiões pantanosas do além-túmulo. Em processos difíceis de descrever, inicia-se um intercambio doentio de energias entre os dois e – posso lhe afirmar – se não fosse pelos caboclos e pretos velhos auxiliados pelos guardiões na tarefa abençoada de resgatar esses filhos, dificilmente os pobres se veriam livres da simbiose espiritual que lhes infelicita a existência deste lado da vida. Às vezes por anos ou séculos, mantêm-se prisioneiros nas garras de entidades perversas e atrasadas que quando encarnadas, alimentaram com o sangue de animais inocentes e outras exigências esdrúxulas de espíritos que deles se aproveitavam.”
Que interessante, não é?
II
Outra obra de Robson Pinheiro chama-se “Aruanda”. Nesse romance, também psicografado, a
“ o arquétipo de Ogum é o das pessoas enérgicas, às vezes briguentas e impulsivas. Perseguem seus objetivos sem se desencorajar facilmente; nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Os filhos de Ogum, como se costuma dizer, são indivíduos de humor mutável e transitam com naturalidade de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, Ogum é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, que tendem a melindrar os outros por uma certa falta de discrição, quando alguém lhes presta serviços. Francos e sinceros ao extremo, não pensam duas vezes antes de se expressar, mesmo sob o risco de ofenderem as pessoas com as quais se relacionam.”
“Um orixá muito conhecido pelo Brasil afora é Iemanjá, representativo da polaridade feminina por excelência. As filhas de Iemanjá costumam ser voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes. Fazem-se respeitar e são justas, mas bastante formais. Têm o hábito de por à prova as amizades que lhe são devotadas, mas preocupam-se muito com os outros; são sérias e maternais.”
Abrindo o livro “Orixás” de Pierre Verger, assim define o arquétipo dos filhos de Ogum :
“o arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição...”
Lydia Cabrera também escreveu sobre o arquétipo de Iemanjá. Vejam:
“ As filhas de Iemanjá costumam ser voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes. Fazem-se respeitar e são justas, mas bastante formais.Põem à prova as amizades que lhes são devotadas(...). Preocupam-se com os outros, são maternais e sérias(...).”
Lembra "Pierre Menard, autor do Quixote", aquele conto do Borges...Que interessante, não é?
III
Fiquei muito triste. Não pude, por motivos profissionais, comparecer ao workshop que Robson Pinheiro ministrou no centro espírita Manoel Bento, em SP. O curso—agendado para os dias 1, 2, 15, 16, 29 de maio—versaria sobre “Metafísica, Desdobramento Induzido e Apometria”. O investimento é de R$ 450,00. Mas o preço compensa: no fim do curso, o aluno recebe gratuitamente uma foto kirlian. Que interessante, não é?